Roças de São Tomé e Príncipe um dos elementos identitários do país.
A palavra “roça” significa “desbravar mato”, “abrir clareiras” ou “terreno onde se roçou o mato”. A palavra deu nome às estruturas agrárias que estiveram na base do desenvolvimento deste pequeno arquipélago, durante o seu ciclo de cacau e café no final do séc. XVIII e inícios do séc. XX.
Neste período, o arquipélago foi o maior produtor mundial de cacau em 1913. Era nas roças que os escravos provenientes de diversas partes do continente africano trabalhavam nas plantações agrícolas, sobretudo, conviviam e este é o principal fator impulsionador para a miscigenação, isto é, cruzamento de culturas e raças, de europeus e escravos africanos.
A rentabilidade produtiva e a elevada precipitação em toda a ilha, foram fatores chave para a expansão destas propriedades agrícolas. As roças eram polos povoadores e estratificadores de todo o urbanismo insular, formando uma rede entre si, e possuíam instituições como escolas, hospitais, capelas e oficinas; como também infraestruturas, destacando os caminhos de ferro e os portos de mar. A sua organização era derivada habitualmente da ramificação de uma “roça-sede”, com dimensão e infraestruturas que a tornavam praticamente sustentável (como por exemplo a roça Rio do Ouro, a roça Água Izé, ou a roça Porto Alegre). As de menor dimensão poderiam estar associadas à roça-sede, denominadas como “dependências”, fazendo parte da mesma empresa agrícola, mas com uma função produção em pequena escala ou escoamento rápido do produto (exemplificativo disso é a roça Fernão Dias, dependência da roça Rio do Ouro).
Os serviçais – denominação dada aos que trabalhavam nas roças – dormiam nas chamadas senzalas (ou sanzalas), localizadas na envolvente da roça. Assim, pode dizer-se que estas operavam como microcidades, sendo muitas vezes autónomas, onde a dependência com o exterior se limitava ao escoamento do seu produto.
Embora não sejam propriedade exclusiva da cultura santomense, estas diferem das propriedades brasileiras que se caracterizam como “terreno de agricultura familiar”, usado, por exemplo, para o cultivo da mandioca. Por sua vez, as plantações de cacau, café e tabaco são denominadas especificamente de “fazendas”.
É também em São Tomé e Príncipe que a roça ganha força e imponência, reclamando para si um caráter quase exclusivo pela forma como se amarrou à sua cultura e à sua própria história. Nos dias de hoje, as roças que se pode visitar, tendo em conta a sua relevância histórica no país são, entre outras, Monte Café, Água Izé, Agostinho Neto ou Rio do Ouro.
Fonte: Visit São Tomé e Príncipe