Marraquexe, Marrocos, 03 jun 2025 (Lusa) – Carlos Lopes economista guineense e Alto Representante da União Africana para as negociações com a Europa, defendeu na conferência Ibrahim Governance Weekend (IGW) que “o fim do consenso entre os países ocidentais deve ser aproveitado por África para fazer reformas internas e exigir que as políticas macroeconómicas internacionais deixem de penalizar o continente”.
O antigo secretário geral adjunto das Nações Unidas e ex secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, acrescentou que “esse espaço de manobra pode ser positivo se a África o aproveitar”.
Durante três dias, entre 01 e 03 de Junho, políticos, académicos e ativistas debateram o tema “Alavancar os recursos de África para colmatar o défice financeiro”, sobre como podem os países africanos mobilizar-se para acelerar o desenvolvimento social e económico num contexto internacional de declínio da ajuda externa”.
Até agora, lembrou Carlos Lopes, os países ocidentais prestavam assistência e ajuda a África sob uma série de condições, nomeadamente o respeito de regras internacionais e até “morais” a nível político. No entanto, as divergências entre os Estados Unidos e a União Europeia dão a África “mais espaço de manobra”.
Recordamos que a União Europeia, tem vindo a perder terreno para a China, a qual, por sua vez, terá sido ultrapassada nos últimos anos pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) em termos de volume de investimento em África.
Neste contexto, Carlos Lopes defende que África deve passar a atuar de forma transacional, “contar com as suas próprias forças e negociar com todos em pé de igualdade”, sem escolher amigos preferenciais.