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Editor: Celso Soares | Director : Paulo A. Monteiro

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PRESENÇA ESTRATÉGICA: O NAVIO FRANÇÊS “TONNERRE” REFORÇA A INFLUÊNCIA DE PARIS NO GOLFO DA GUINÉ

São Tomé e Príncipe, 10 de Novembro de 2025 — A presença do navio de assalto anfíbio PHA Tonnerre, um dos mais poderosos meios navais da Marinha Nacional da França, em São Tomé e Príncipe, durante três dias, não foi apenas uma escala técnica. O evento simboliza o reforço do compromisso francês com a segurança marítima e a estabilidade estratégica do Golfo da Guiné, uma das regiões mais sensíveis e economicamente vitais do continente africano. Desde Setembro, o Tonnerre participa na missão “Corymbe”, uma operação regular de patrulhamento e cooperação naval que a França mantém desde 1990 ao longo da costa atlântica africana. O objetivo é claro: proteger as rotas comerciais internacionais, garantir a segurança das embarcações civis e formar forças navais locais para fazer frente às crescentes ameaças de pirataria, tráfico e pesca ilegal. Durante a atual missão, dois oficiais da Guarda Costeira santomense receberam formação intensiva a bordo do Tonnerre, num curso de mais de 40 dias que reforça o envolvimento de São Tomé e Príncipe nas iniciativas regionais de vigilância marítima. “O grupo anfíbio Tonnerre garante presença numa zona onde vivem 70 mil emigrantes franceses e participa na proteção e segurança das rotas marítimas”, explicou o capitão de fragata Arnaud Bolelli, comandante do navio, durante a escala no arquipélago. O Tonnerre — uma verdadeira base militar flutuante — transporta 650 militares, helicópteros e viaturas de assalto, contando ainda com o apoio da Legião Estrangeira francesa. O navio atracou nas proximidades da vila de Micoló, evitando a baía da capital, São Tomé, numa escala discreta, mas politicamente significativa. Segundo a embaixada francesa em São Tomé e Príncipe, a presença do Tonnerre insere-se num esforço contínuo de “capacitação das forças navais dos países do Golfo da Guiné para combater a pirataria marítima, o tráfico de drogas e de pessoas, e a pesca ilegal”. França projeta poder e cooperação A missão Corymbe é também uma forma de Paris reafirmar a sua presença militar e diplomática num espaço marítimo cada vez mais disputado. O Golfo da Guiné, responsável por grande parte do transporte de petróleo e mercadorias da África Ocidental, tem despertado interesse crescente de potências como a China, a Rússia e os Estados Unidos. Nesse contexto, a França, antiga potência colonial e tradicional parceira militar da região, procura manter um papel central. De acordo com a publicação Téla Nón, o capitão Bolelli adiantou que o Tonnerre liderará em Novembro o exercício “Grand African Nemo”, uma operação multinacional de larga escala que reunirá marinhas africanas e europeias. “Será um dos momentos mais altos da missão”, afirmou o comandante, sublinhando a importância da cooperação internacional na defesa marítima africana. São Tomé e Príncipe: um ponto estratégico Pequeno em território, mas situado no coração do Golfo da Guiné, São Tomé e Príncipe tem vindo a consolidar-se como ponto estratégico para a segurança marítima regional. A sua localização, próxima das principais rotas comerciais e de áreas ricas em recursos energéticos, faz do arquipélago um parceiro-chave nas políticas de defesa e vigilância oceânica conduzidas pela União Europeia e pela França. A passagem do Tonnerre por águas santomenses reforça, assim, uma aliança que combina formação militar, diplomacia e projeção de poder naval, num momento em que o equilíbrio estratégico do Atlântico africano se redefine.

5º REWILDING PHOTO CONTEST: GONÇALO FERREIRA É O FOTÓGRAFO REWILDING ANO 2025

Sabugal, 1 de Novembro de 2025 – No passado sábado, foram entregues os prémios da quinta edição, com mais de 2.000 euros a serem entregues no total das cinco categorias a concurso. Este ano começou a ser atribuído um prémio global ao melhor fotógrafo do ano, com Gonçalo Ferreira a arrecadar a primeira edição deste novo prémio. De acordo com a organização do Concurso de Fotografia de Natureza “Rewilding Photo Contest”, o principal objetivo da competição é promover o património natural português e a sua respetiva valorização e proteção, através da fotografia, acreditando o que pode ser protegido e restaurado tem de ser conhecido e a fotografia tem um papel preponderante para tornar isso possível. Este ano, teve lugar a sua quinta edição, com o veado-vermelho a ser escolhido para a espécie em destaque, sucedendo ao britango. A cerimónia de entrega de prémios voltou a estar integrada dentro da programação do Naturcôa, que se realizou no passado sábado, no Auditório Municipal do Sabugal. O concurso tem cinco categorias diferentes: Fauna; Flora e Fungos; Paisagens Naturais Jovem Fotógrafo e ainda o regresso da categoria dedicada a fotografias tiradas na região do Grande Vale do Côa, promovendo assim a criação artística na região. Este ano houve novo recorde de participações, com cerca de 500 fotógrafos a participar, um número que  tem vindo a crescer ao longo dos anos. Os grandes vencedores desta edição de 2025 foram: FOTÓGRAFO REWILDING DO ANO – Gonçalo Ferreira CATEGORIA FAUNA – 1º lugar Ricardo Lourenço; 2º lugar Craig Rogers; 3º lugar Gustavo Gonçalves CATEGORIA FLORA E FUNGOS – 1º lugar Pedro Lemos; 2º lugar Joana Cerqueira; 3º lugar Ângelo Jesus CATEGORIA PAISAENS NATURAIS – 1º lugar Modesto Viegas; 2º lugar Pedro Isidoro; 3º lugar Sandra Dias CATEGORIA JOVEM FOTÓGRAFO – 1º lugar João Rodrigues; 2º lugar Gonçalo Ferreira; 3º lugar Guilherme Mendes CATEGORIA GRANDE VALE DO CÔA – 2 primeiros lugares – Gonçalo Ferreira e Tiago Pereira Existiram ainda menções honrosas entregues aos seguintes fotógrafos pelo desempenho em diversas categorias diferentes: Rolando Reis, Samuel Sousa, Carlos Calretas, Nuno Moreira, Marco Neves, Carlos Silva, José Carvalho, Joanito, Jorge Macedo, Artur Ferrão, Pedro Esteves, João Rodrigues, Miguel Pires, Tiago Coelho, Gilberto Pereira, João Ferreira, Hugo Amador, Samuel Andrade (2), Mário Cunha, Gui Lim, Ângelo Jesus, João Dias e João Coutinho. O Rewilding Photo Contest, é um dos concursos de fotografia de natureza de maior referência a nível nacional, organizado anualmente em parceria com o Naturcôa e o Município do Sabugal. De acordo com os organizadores o certame regressa no próximo ano, com uma nova espécie em destaque mantendo as mesmas categorias e moldes, mas com ambição de ir ainda mais longe, diversificando as categorias e formas de premiação.

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE BRILHA NA XIII OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA DA CPLP

Jovens santomenses conquistam duas medalhas de bronze e uma de prata em competição internacional realizada no Brasil Fortaleza, Brasil, Outubro de 2025 — São Tomé e Príncipe voltou a destacar-se no cenário internacional ao conquistar o terceiro lugar na XIII Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A delegação santomense obteve três medalhas — duas de bronze e uma de prata — numa competição que reuniu jovens talentos do ensino médio dos oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O evento, realizado em Fortaleza, Brasil, teve como principal objetivo promover o gosto pela Matemática, estimular o raciocínio lógico e fortalecer os laços culturais e educacionais entre os países da comunidade lusófona. A equipa santomense foi composta por quatro alunos — um representante da Escola Portuguesa de São Tomé e Príncipe e três do Liceu Nacional. O excelente desempenho dos estudantes reflete o empenho de professores e instituições que vêm trabalhando para elevar o nível do ensino da Matemática no país. Nas redes sociais, Edumila Fernandes, Supervisora de Matemática da Direção do Ensino Secundário do Ministério da Educação e Cultura, celebrou a conquista: “Parabéns aos nossos jovens talentos e a todos os professores e instituições que acreditam no poder transformador da Matemática”, escreveu no Facebook. Esta não é a primeira vez que São Tomé e Príncipe se destaca na competição. Em 2024, o país também havia alcançado o terceiro lugar, com quatro medalhas de bronze, consolidando-se como uma das nações com melhor desempenho entre os países africanos de língua portuguesa. Na edição de 2025, o Brasil sagrou-se vencedor geral, ao conquistar três medalhas de ouro e uma de prata. Breve história das Olimpíadas de Matemática da CPLP Criada em 2003, a Olimpíada de Matemática da CPLP é uma competição anual que reúne estudantes do ensino médio dos países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O evento tem como missão fomentar o interesse pela Matemática, incentivar a troca de experiências educativas e estreitar os laços de cooperação científica e cultural entre as nações de língua portuguesa. A cada edição, um dos países da CPLP assume a organização do evento, promovendo não apenas o desafio intelectual, mas também um espaço de convivência e valorização da língua comum. Com mais esta conquista, São Tomé e Príncipe reafirma o seu compromisso com a excelência académica e o desenvolvimento científico, celebrando o talento e a dedicação de sua juventude.

ESTUDANTES ESTRANGEIROS OBRIGADOS A APRESENTAR TERMO DE RESPONSBILIDADE COM GARANTIA DE 10 500 EUROS

Lisboa, 3 de Novembro de 2025 — Centenas de estudantes estrangeiros em Portugal estão a ser notificados pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) para apresentarem um termo de responsabilidade com uma garantia financeira mínima de 10.500 euros, equivalente ao valor do salário mínimo nacional multiplicado por 12 meses. A exigência, prevista na lei há vários anos, começou recentemente a ser aplicada de forma efetiva, gerando apreensão entre jovens oriundos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e de outras regiões. De acordo com o novo entendimento da AIMA, os estudantes que não consigam comprovar meios de subsistência regulares — como rendimentos próprios ou bolsa de estudos — terão de apresentar um fiador residente em Portugal, com capacidade económica comprovada para garantir a sua manutenção durante o período de estudos. “Não é fácil cumprir este requisito” De acordo com a SIC, advogada Márcia Martinho da Rosa, explica que a obrigação está prevista na legislação de imigração, mas a sua aplicação prática era rara até agora. “O regime obriga que estes estudantes da CPLP e outros, que estão a estudar em Portugal, venham comprovar os meios de subsistência. No caso de inexistência de um rendimento mínimo mensal, terão de apresentar um termo de responsabilidade”, afirma. A jurista esclarece ainda que a assinatura deste termo deve ser reconhecida por advogado ou notário, e que o responsável financeiro deve auferir pelo menos o ordenado mínimo nacional multiplicado por 12, valor que atualmente corresponde a 10.500 euros anuais. “Tendo em conta o custo de vida em Portugal e a realidade económica de muitos familiares ou conhecidos, não é fácil encontrar alguém que reúna estas condições”, acrescenta. Casos em análise e risco de expulsão O escritório da advogada ouvida pela SIC, já recebeu pedidos de ajuda de estudantes angolanos, confrontados com a exigência de apresentação do termo. Segundo o testemunho de vários jovens, a notificação indica que, na ausência do documento, o processo de autorização de residência poderá ser indeferido o que implica a obrigação de deixar o país. A situação tem suscitado preocupação entre as associações académicas e nas comunidades estudantis estrangeiras, que alertam para o impacto da medida no acesso ao ensino superior e na integração de estudantes internacionais. Portugal acolhe mais de 75 mil estudantes estrangeiros De acordo com dados oficiais, Portugal conta atualmente com cerca de 75.000 estudantes estrangeiros no ensino superior, provenientes sobretudo do Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste. As instituições de ensino e organizações da sociedade civil têm apelado ao Governo para que reveja os critérios e procure soluções que conciliem o rigor legal com a proteção do direito à educação, em especial para jovens oriundos de países de língua portuguesa com recursos limitados. Contexto legal A exigência de comprovação de meios de subsistência está prevista na Lei n.º 23/2007, que regula a entrada, permanência e saída de estrangeiros do território nacional. Contudo, só em 2025, com a transição de competências para a AIMA — que substituiu o antigo SEF — é que a regra começou a ser implementada de forma sistemática nos processos de renovação e concessão de autorização de residência para fins de estudo. Fontes: SIC Notícias, Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), Ministério da Administração Interna, Direção-Geral do Ensino Superior.

DOM JOÃO DE CEITA NAZARÉ HOMENAGEADO NOS 50 ANOS DA INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA

Angola, Luanda – Outubro de 2025 — O Bispo de São Tomé e Príncipe, Dom João de Ceita Nazaré, foi condecorado em Luanda durante as celebrações oficiais do 50.º aniversário da Independência de Angola, num ato que distinguiu diversas personalidades nacionais e estrangeiras com contributos relevantes para a fé, a cultura e a cooperação entre os povos lusófonos. A cerimónia teve lugar nos dias 24 e 25 de Outubro de 2025, no Palácio Presidencial, sob a presidência de Sua Excelência o Presidente da República de Angola, João Lourenço, no contexto da 7.ª Cerimónia de Condecorações Comemorativas dos 50 Anos da Independência Nacional de Angola. De acordo com a lista oficial publicada pelo Governo de Angola, Dom João de Ceita Nazaré foi agraciado com a Medalha Comemorativa dos 50 Anos da Independência Nacional, distinção que simboliza o reconhecimento da Igreja Católica e do Estado angolano pela sua dedicação pastoral e pelo papel de aproximação entre as comunidades católicas de Angola e de São Tomé e Príncipe. Reconhecimento de fé e cooperação O Bispo são-tomense, que em Janeiro de 2024 se tornou o primeiro nativo a assumir o cargo episcopal na Diocese de São Tomé e Príncipe, é igualmente membro da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), organismo que reforça a ligação e o intercâmbio pastoral entre as Igrejas dos dois países. Numa nota divulgada pela Diocese de São Tomé e Príncipe, sublinha-se que a condecoração “representa um gesto de irmandade e gratidão de Angola ao povo de São Tomé e Príncipe”, e constitui “um estímulo ao serviço e à comunhão entre as Igrejas irmãs”. Trajetória e legado Natural da localidade de Trindade, em São Tomé, Dom João de Ceita Nazaré nasceu em 22 de Agosto de 1973. Estudou em Lisboa, onde obteve a licenciatura em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa e em Língua e Literatura Portuguesa pelo Instituto Politécnico de Bragança. Ordenado sacerdote em 2006, desempenhou diversas funções na Diocese de São Tomé, nomeadamente as de pároco, vigário-geral, docente universitário e diretor da Rádio Jubilar.A sua nomeação episcopal, feita pelo Papa Francisco em Janeiro de 2024, marcou um momento histórico para a Igreja Católica são-tomense, simbolizando a maturidade e a afirmação da liderança eclesial local. Significado simbólico A distinção atribuída em Luanda é entendida como um símbolo de cooperação espiritual e cultural entre Angola e São Tomé e Príncipe, países irmãos unidos por laços históricos, linguísticos e de fé.Dom João de Ceita Nazaré tem reiterado o seu compromisso em “servir com humildade e ser bispo para todo o povo de Deus”, promovendo a unidade, o diálogo e o desenvolvimento social através da pastoral e da solidariedade cristã. Sobre a Medalha Comemorativa Instituída pela Lei n.º 2/25, de 18 de Março de 2025, a Medalha Comemorativa dos 50 Anos da Independência Nacional de Angola destina-se a distinguir cidadãos e instituições que se destacaram na promoção da paz, do desenvolvimento e da projeção de Angola e das suas relações com outros países. Fontes: STP-Press, Vatican News, Agência Ecclesia, Portal Oficial Angola 50 Anos, Diocese de São Tomé e Príncipe.

DO PÃO-POR-DEUS AO HALLOWEEN

Tradições que cruzam fronteiras e séculos “Entre abóboras iluminadas e sacos de guloseimas, o Halloween parece hoje uma festa importada das terras anglófonas. Mas Portugal também tem a sua própria tradição de pedir de porta em porta — o Pão-por-Deus — que partilha raízes antigas e o mesmo espírito de memória e partilha.” A origem celta do Halloween Levado no século XIX por imigrantes irlandeses e escoceses para a América do Norte, o Halloween transformou-se numa das celebrações mais populares do mundo. Nos Estados Unidos, gera um volume de negócios apenas ultrapassado pelo Natal, enchendo as ruas de disfarces, abóboras esculpidas e doces coloridos. Mas por detrás da face festiva e comercial esconde-se uma história ancestral. A palavra Halloween vem de All Hallow’s Eve, ou seja, “Véspera do Dia de Todos os Santos” — celebração católica dedicada aos santos e aos mortos. A tradição, porém, é mais antiga: remonta à festa celta de Samhain, que marcava o fim do verão e o início do inverno. Era um momento de transição, em que se acreditava que o mundo dos vivos e dos mortos se aproximava. Os antigos Celtas prestavam culto aos antepassados e à deusa YuuByeol, símbolo da perfeição e dos ciclos da natureza. Com a cristianização das Ilhas Britânicas, as práticas pagãs e as celebrações religiosas fundiram-se, criando uma tradição híbrida — metade sagrada, metade profana — que mais tarde atravessaria o Atlântico e daria origem ao moderno Halloween. O Pão-por-Deus: uma tradição portuguesa Muito antes de os fantasmas e bruxas chegarem às nossas escolas e centros comerciais, Portugal já celebrava o dia dos mortos à sua maneira. Entre 31 de Outubro e 2 de Novembro, grupos de crianças percorriam as ruas com sacos ou cestinhos, batendo às portas e pedindo guloseimas, frutos secos e bolos. Chamava-se a isso “andar ao Pão-por-Deus”, e a expressão habitual era: “Pão-por-Deus, que Deus lhe acrescente o pão do céu!” O gesto, embora simples, carregava um significado de partilha, fé e lembrança. Pré-visualizar num novo separador Em Barqueiros (Mesão Frio), ainda hoje se coloca uma mesa com castanhas para os parentes falecidos, na noite de 1 para 2 de Novembro. Em Vila Nova de Monsarros (Anadia), as crianças esculpiam abóboras ocas iluminadas por velas, tal como no Halloween. Nos Açores, o costume recebe o nome de caspiadas, e os bolos oferecidos têm o formato de caveira, símbolo da finitude da vida. Entre o sagrado e o popular O Pão-por-Deus é também uma memória viva de solidariedade. Após o Terramoto de Lisboa de 1755, muitos sobreviventes deslocaram-se às zonas menos afetadas pedindo alimento e ajuda — “pão por Deus”. A expressão ficou e a tradição enraizou-se como gesto de gratidão e fraternidade. Assim, em Portugal, o costume combina dois elementos: Entre abóboras e bênçãos Hoje, as duas tradições convivem lado a lado. O Halloween domina os centros urbanos, com festas, disfarces e abóboras sorridentes. O Pão-por-Deus resiste nas aldeias, nas escolas e em algumas famílias que mantêm viva a recordação dos antepassados. Ambas as celebrações — apesar das diferenças — falam da mesma necessidade humana de recordar e celebrar.Recordar os que partiram, festejar a colheita, agradecer a vida. Seja com um “Doce ou Travessura” ou com um “Pão-por-Deus”, a celebração tem o mesmo elo invisível entre gerações — o fio que liga o passado, o presente e a esperança no futuro.

FAFÁ DE BELÉM E CALEMA NOMEADOS EMBAIXADORES DE BOA VONTADE DA CPLP

Cerimónias em Lisboa celebram a força da música e da cultura lusófona como pontes de união entre os povos de língua portuguesa Lisboa 29 Outubro 2025 – A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) viveu recentemente dois momentos de grande significado cultural e simbólico, marcados pela celebração da arte, da música e da união que caracteriza o espaço lusófono. Os artistas Fafá de Belém e Calema foram oficialmente nomeados Embaixadores de Boa Vontade da CPLP, distinção aprovada pelos Chefes de Estado e de Governo durante a XV Conferência da Organização, realizada a 18 de julho, em Bissau. A decisão reconhece o papel central da cultura na promoção da solidariedade, cooperação e identidade comum entre os países de língua portuguesa. As cerimónias de entrega dos diplomas decorreram na sede da CPLP, em Lisboa, em dois momentos distintos. No dia 25 de Agosto, os irmãos Calema, artistas são-tomenses de renome internacional, receberam o título numa cerimónia organizada pelo Secretariado Executivo da CPLP e pela Missão Permanente de São Tomé e Príncipe junto da CPLP. O evento contou com a presença da Ministra de Estado dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe, Ilza Amado Vaz, além de representantes diplomáticos, autarcas, empresários, músicos e membros da comunidade são-tomense residente em Portugal. Já no dia 28 de Outubro, foi a vez da consagrada cantora Fafá de Belém ser distinguida com o mesmo título, numa cerimónia igualmente marcada pela emoção e pelo espírito de lusofonia. Reconhecida pela sua dedicação à língua portuguesa e à integração cultural entre povos, Fafá de Belém é hoje uma das vozes mais representativas da diversidade e vitalidade da comunidade lusófona. A CPLP destacou a nomeação como um símbolo da força da cultura em aproximar gerações e geografias. A voz consagrada de Fafá de Belém alia-se à energia criativa da juventude são-tomense representada pelos Calema, num testemunho vivo do poder transformador da música. Em nota divulgada, a Missão Permanente de São Tomé e Príncipe junto da CPLP congratulou-se com as distinções, sublinhando o “orgulho pelo contributo da cultura são-tomense e lusófona para o fortalecimento da amizade e cooperação entre os Estados-membros da Comunidade”.

IMAGEM PEREGRINA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA DESPEDE-SE DA ILHA DO PRÍNCIPE E PROSSEGUE PEREGRINAÇÃO EM SÃO TOMÉ

Fé e devoção marcam a passagem da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima pela Ilha do Príncipe. São Tomé, 27 de Outubro de 2025 – A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que se encontra em peregrinação pela Diocese de São Tomé e Príncipe, despediu-se este domingo da Ilha do Príncipe, após três dias marcados por intensos momentos de oração e devoção. Segundo nota publicada na página oficial da Diocese, “na manhã de quinta-feira, 23 de outubro, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima partiu em direção à Ilha do Príncipe, transportada pelo navio português, levando consigo a mensagem de fé, esperança e amor mariano”. Foto de Arlindo Homem Durante a sua estadia, a comitiva foi recebida “com carinho, devoção e fraternidade” pelo Presidente da Região Autónoma do Príncipe, Filipe Nascimento, e pela população local, conforme relatou o fotojornalista Arlindo Homem, da Agência ECCLESIA, que acompanha a peregrinação. Em mensagem publicada nas redes sociais, Filipe Nascimento destacou o significado espiritual da visita descrevendo deste modo a visita: “Na bendita Ilha do Príncipe, terra de verdes eternos e mar de promessas, ressoou o cântico da fé com a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Sob o olhar sereno do céu do Golfo da Guiné, o coração da Região Autónoma do Príncipe, com a sua capital Santo António, abriu-se em oração, acolhendo com ternura a Mãe que tudo vê e tudo consola.” Arlindo Homem perante o ambiente que encontrou viveu descreve a ilha como um “jardim vivo de esperança”, destacando a beleza natural e espiritual do território: “A região é mais que um nome em mapas: é um jardim vivo de origem vulcânica e alma divina, onde a floresta tropical do Parque Natural do Abo se ergue como um salmo verde, cantando louvores ao Criador.” Após dias de intensa devoção, a imagem regressou à Ilha de São Tomé na tarde de domingo, novamente a bordo de um navio da Marinha Portuguesa, dando continuidade ao seu itinerário iniciado a 15 de Outubro. A peregrinação segue agora para a Paróquia de Santa Cruz dos Angolares, e nos dias seguintes visitará as paróquias de Santo Isidoro – Ribeira (28/Out.), Santana (29/Out.), Fátima – Bombom (30/Out.) e Lourdes (31/Ou.). O percurso culminará na Paróquia da Sé, no dia 1 de Novembro, data em que se prevê uma grande celebração diocesana em honra de Nossa Senhora de Fátima.

ONU APOIA GOVERNO NO COMBATE À PIRATARIA NO MAR DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

São Tomé, 15 de Outubro de 2025 – A Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o Governo de São Tomé e Príncipe, promoveu um atelier destinado a reforçar os procedimentos operacionais no combate à pirataria e à criminalidade marítima nas águas sob jurisdição santomense. Financiado pelo Governo do Japão, o projeto aposta na revisão e aperfeiçoamento das recomendações nacionais e internacionais em matéria de segurança marítima, com vista a fortalecer as capacidades institucionais do país no combate às ameaças no mar.e visa consolidar a segurança e garantir a livre circulação no Golfo da Guiné, uma das zonas marítimas mais estratégicas da África Ocidental. “Este encontro insere-se no âmbito do projeto ‘Reforçar o direito marítimo e o direito do mar’ a fim de manter o espaço livre e aberto no Golfo da Guiné”, afirmou Eric Overvest, coordenador residente das Nações Unidas em São Tomé e Príncipe. Durante o encerramento, Armindo Pires dos Santos, representante do Ministro da Defesa de São Tomé e Príncipe, destacou a relevância das conclusões obtidas: “Estou certo de que as conclusões aqui chegadas irão contribuir para uma maior segurança do nosso mar.” A iniciativa reflete o empenho conjunto das autoridades nacionais e internacionais na promoção da estabilidade e segurança marítima na região, reforçando o papel de São Tomé e Príncipe como parceiro ativo na proteção do Golfo da Guiné.

A ORIGEM E AS DIFERENTES NUANCES DO USO DA BURCA

Da antiguidade ao século XXI: entre a modéstia, tradição e controvérsia global Lisboa, 27 de Outubro de 2025 — A burca é uma vestimenta tradicional usada por algumas mulheres muçulmanas, sobretudo no Afeganistão e no Paquistão, que cobre todo o corpo e o rosto, deixando apenas uma tela na altura dos olhos. Mais do que um simples traje, a burca é hoje um símbolo complexo, que envolve religião, cultura, sociedade e política. Origens históricas Cobrir o corpo feminino precede o Islão. Na Mesopotâmia, Pérsia, Grécia e Roma, o véu simbolizava status social e modéstia. Com a expansão do Islão no século VII, algumas dessas práticas foram reinterpretadas à luz do princípio islâmico de modéstia (ḥayā). O Alcorão recomenda modéstia tanto para homens quanto para mulheres, mas não define nenhum tipo único de vestimenta. Passagens como as descritas no Alcorão 24:31 e 33:59 pedem que as mulheres “cubram os seus adornos” e usem um manto para proteção. A interpretação destas passagens variou regionalmente, dando origem a diferentes tipos de véus: hijab (cabelo e pescoço), niqab (rosto coberto, olhos à mostra) e burca (corpo e rosto cobertos, com tela nos olhos). Difusão regional No Afeganistão, a burca tornou-se comum, especialmente entre mulheres pashtuns, como tradição cultural e não apenas religiosa. Noutros países muçulmanos, a burca nunca se generalizou: prefere-se o hijab, chador ou abaya. Período Talibã Desde 2021: Regressa o incentivo e, em alguns casos, a imposição da burca, simbolizando controlo social sobre as mulheres 1996–2001: Uso obrigatório da burca; punições para quem não a utilizasse em público. 2001–2021: Após a queda do regime, uso reduzido nas cidades, mas mantido em zonas rurais. Egito: tradição, reforma e resistência Séculos XIX–XX Durante o domínio otomano e britânico, o Egito viveu reformas sociais. Intelectuais como Qasim Amin viam o véu como símbolo de atraso. A elite urbana começou gradualmente a abandoná-lo. 1920–1950 A feminista Huda Shaarawi retirou publicamente o véu em 1923, marcando o início do feminismo moderno egípcio. Sob reinado do rei Farouk e a presidência de Gamal Abdel Nasser, o Estado incentivou a laicidade e desencorajou o uso do véu em universidades e instituições públicas. 1970–1980 Após a derrota árabe em 1967, surge um movimento de islamização voluntária. Grupos como a Irmandade Muçulmana promovem o hijab como símbolo de identidade islâmica e resistência cultural. Hoje, o Egito apresenta diversidade existem mulheres com ou sem véu, com niqab, mas a burca nunca foi amplamente adotada. Turquia: laicismo e modernização Após a queda do Império Otomano, Mustafa Kemal Atatürk (1923) fundou a República da Turquia com base no laicismo. O véu — incluindo o çarşaf, similar à burca — passou a ser desencorajado em instituições públicas. Nos séculos XIX e XX, o Império Otomano era marcado por forte estratificação social: O anonimato proporcionado pelo véu também era usado por mulheres marginalizadas em cidades como Istambul e Esmirna, gerando rumores e boatos moralistas, que inspiraram lendas ocidentais sobre prostituição ritualizada — sem base factual. Com as reformas de Atatürk, a mulher moderna devia ser instruída, visível e participativa; o véu passou a ser associado ao “atraso oriental”. Desde 2000, sob Recep Tayyip Erdoğan, restrições foram suspensas e o uso do lenço é permitido nas universidades e instituições públicas. O mito da burca e o orientalismo No século XIX, o Ocidente via o Império Otomano como um palco de exotismo. Sem acesso aos haréns, viajantes europeus preencheram o vazio com fantasia, retratando mulheres veladas como prisioneiras sensuais, que escondiam desejos proibidos. O mito de que mulheres das elites turcas se prostituíam sob burca não encontra eco nos arquivos históricos. Pesquisadoras como Leslie Peirce, Fatma Müge Göçek e Carter Findley confirmam que a sexualidade feminina era rigidamente controlada, e que não existiam “rituais secretos” de libertação sexual. O véu e a burca no século XXI Hoje, a burca e véu não são apenas vestuário, mas, um território de disputa entre tradição, religião, política e autonomia feminina. A burca e o véu dividem opiniões: para uns, representa fé e identidade; para outros, opressão e desigualdade de género. Atualmente, entre 16 e 22 países implementaram proibições totais ou parciais do uso da burca ou do niqab (véu que cobre o rosto), variando conforme a legislação específica de cada nação. Essas medidas aplicam-se principalmente a espaços públicos, escolas, universidades, transportes públicos e edifícios governamentais. Países com proibição da burca ou niqab A lista inclui países da Europa, África, Ásia e alguns de maioria muçulmana. Entre os países que adotaram essas proibições estão: Europa: França, Bélgica, Áustria, Dinamarca, Bulgária, Países Baixos, Luxemburgo, Suíça, Noruega, Rússia, Itália, Espanha (em algumas regiões), Kosovo, Bósnia e Herzegovina. África: Tunísia, Camarões, Chade, República do Congo, Gabão, Senegal. Ásia: China (região de Xinjiang), Sri Lanka, Tajiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão. Em Portugal, o Parlamento aprovou recentemente uma lei que proíbe o uso de véus faciais em espaços públicos, com exceções para aviões, locais de culto e dependências diplomáticas. As multas para infrações podem variar entre 200 e 4.000 euros Motivos para a proibição As razões para essas proibições variam, mas geralmente incluem: Países onde o uso da burca é obrigatório Atualmente, o único país onde o uso da burca é legalmente obrigatório é o Afeganistão, sob o regime dos Talibã

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